Comparticipação de Medicamentos - Antidepressivos

Como todos sabem, as comparticipações do estado sobre os medicamentos baixaram, e de que maneira em alguns casos. Muito haveria a escrever sobre este assunto. A começar pelo pobre do idoso pensionista, sobre quem recaem todas e mais algumas doenças, e como se não fosse suficiente, lá tem o velhote de sofrer "ainda mais" porque um bando de incompetentes não sabe governar o País. Não falo de Sócrates, falo de todos que lá estiveram e estão.

Mas hoje vou falar sobre a Ministra da Saúde.

Esta senhora veio a terreno dizer o seguinte: "Há um desperdício apreciável de dinheiros públicos com antidepressivos de última geração. Estamos a criar mecanismos para que quem precisa receba". Depois, e embora não quantificando, a ministra defende que haja cortes nas comparticipações destes medicamentos, ainda que tal venha a afectar alguns doentes. Isto porque, de acordo com a ministra, é preciso racionalizar.

Ponto 1 - Há desperdício na saúde? Sim, há. Mas não é só com os antidepressivos.

Ponto 2 - É preciso racionalizar? Sim, obviamente que sim. Mas não é só os antidepressivos.

Ponto 3 - Não quantificou? hum... estranho!!! Principalmente depois de todos já sabermos a % exacta nos cortes deste grupo de medicamentos. Aliás, não só dos antidepressivos de ultima geração, mas sim em todos.

Ponto 4 - Cortes nas comparticipações para racionalizar? LOL... Não tem piada nenhuma, mas dá vontade de rir.

Somando todos estes pontos, dá a sensação, aliás, fico com a certeza, que a Sra. Ana Jorge desculpa-se pela brutalidade da baixa na comparticipação deste grupo terapêutico, pelo facto de ser necessário racionalizar.

Sra. Ministra. Por todos os pontos que escrevi atrás é possível concluir que se trata mesmo disso, apenas de uma desculpa, mas de uma desculpa de muito mau gosto. É preciso racionalizar, mas isso não se faz cortando nas comparticipações. Isso faz-se com politicas de sensibilização junto da classe médica, com medidas de fiscalização rigorosas no que à prescrição médica diz respeito, e num sem numero de medidas. Mas Sra. Ministra, nunca, mas mesmo nunca, rasteirando os portugueses.

Então e os Utentes que necessitem realmente de antidepressivos? por uns pagam os outros? É esse o seu tipo de politica? Então um Utente que necessite de um antidepressivo para ter uma vida, dentro dos possíveis, o mais parecida com o normal, vai ter de pagar mais porque a Senhora acha que o médico A ou B é mau profissional e prescreve "à lá papo-seco". ou porque o Utente A ou B extrapola o seu estado psíquico levando o médico ao erro?

Eu também, como a Senhora, acho que a depressão é realmente a doença da moda, mas isso não significa que se aligeire a importância da mesma, ou que isso signifique que é doença na maioria dos casos ficcional. Só quem sofre realmente de depressão pode compreender que por mais que se queira, por mais vontade que se tenha, sair da depressão não é tarefa fácil, e entrar nela muito menos uma moda.

A partir de hoje, os utentes que realmente necessitem de tomar estes medicamentos, das duas uma, ou continuam em depressão porque os deixam de tomar, ou continuam em depressão pelo dinheiro que gastam na aquisição da sua terapêutica. Deixo-vos um exemplo (arredondado para baixo) daquilo que vos falo.

Cipralex 20mg (56 comp) - pvp = 84 euros
Ontem, o utente pagava = 25 euros.
Hoje, o utente paga = 54 euros.

Eu chamo-lhe roubo. E vocês?